O grande filão do mercado
Diante das especificidades de Brasília, cujo mercado é formado por servidores, um público que conta com boa renda e estabilidade no emprego, construtoras investem nos imóveis de luxo, certas de que terão bom retorno
SAMILA MAGALHÃES saraujo@jornaldacomunidade.com.br Redação Jornal da cidade
O mercado de imóveis de luxo no DF passou longe da temida crise mundial. Ademais, a escassez de terrenos e a alta demanda por esse tipo de imóvel oferecem excelentes oportunidades de vendas às incorporadoras. Estas, por sua vez, oferecem empreendimentos cada vez mais requintados e de padrão elevado para um público muito exigente.
Em 2008 o mundo foi abalado pela crise financeira global, que afetou inicialmente os Estados Unidos e golpeou o setor imobiliário de lá. Mas, apesar de a economia brasileira ter sido atingida por esse impacto, a venda de imóveis não experimentou mudanças no DF. “Brasília tem um mercado diferente e sentiu menos a crise, até porque é composta por servidores públicos, que têm uma vida mais estável”, explica Leonel Alves, diretor comercial da Lopes Royal.
Um dos sinais positivos foi a percepção do crescimento nas vendas de imóveis nos últimos dois anos. “Apesar de ter sentido pouco os impactos da crise, esse mercado de luxo já dá sinais de melhora. Exemplo disso foi o resultado de vendas da Beiramar no mês de abril – crescimento de 30% na venda de apartamento de quatro quartos, em comparação com o mês anterior”, ressalta Pedro Fernandes, diretor comercial da Beiramar Imóveis.
Luxo, requinte e muita sofisticação
Os imóveis de luxo têm características próprias. Além da localização, os materiais de acabamento, os itens tecnológicos e de lazer empregados no imóvel e a sofisticação dos ambientes e do condomínio são determinantes para reconhecê-los como luxuosos.
“Um exemplo de diferencial é a fechadura biométrica para acesso à entrada social via impressão digital, além dos elevadores sociais com código específico para controle de acessos. A alta tecnologia está muito presente e permite ao morador monitorar e controlar os itens de sua residência por meio de um computador de mão. Outro fator importante é o acabamento usado na construção. Materiais especiais, como granitos e mármores importados, dão requinte aos imóveis de luxo”, diz Fernandes.
O preço e o tamanho do empreendimento também são diferenciados. “Em geral os apartamentos de alto padrão são duplex ou de cobertura privativa e têm área acima de 250 m2. Os preços de venda ultrapassam R$ 1,5 milhão. As casas superam os 700 m2 de área e, conforme a localização, os valores de venda vão muito além dos R$ 3 milhões”, explica Esmeraldo Dall’Oca, diretor da Dall’Oca Imóveis.
Mas existem empreendimentos que são considerados de luxo e não chegam a ter 250 m2 de área. “O imóvel de luxo também pode ser um residencial com serviços, flat, apart hotel e, até mesmo, um prédio comercial, dependendo do acabamento e da tecnologia dele”, cita Alves. Fernandes acrescenta as quitinetes, apartamentos de dois a quatro quartos, duplex e coberturas.
Quanto à localização, a maioria das casas com esse conceito está presente nos lagos Sul e Norte. Já os apartamentos podem ser encontrados na Asa Norte, Sudoeste e, mais recentemente, em Águas Claras. Outra vantagem importante é a valorização certa dos imóveis.
“O mercado está crescendo cada dia mais. Percebemos um aumento real do imóvel de 30% ao ano nos últimos anos. O grande diferencial de se comprar imóvel é a valorização e temos uma perspectiva de valorização muito grande”, ressalta Alves.
Público exigente formado por empresários e investidores
O perfil das pessoas que adquirem um imóvel de luxo é bem definido. “Os compradores normalmente são empresários, profissionais do setor público ou investidores, bastante exigentes quanto à localização, diferenciais em acabamento e itens de segurança. Há também a presença de casais que já criaram os filhos e decidem se mudar de uma casa no Lago Sul ou Norte para a segurança de um apartamento espaçoso e de alto luxo”, afirma Fernando Queiroz, presidente da Via Engenharia.
Alves ressalta ainda que esses compradores “pesquisam mais e compram sem muita dificuldade por terem um conhecimento um pouco melhor do setor”. Dessa forma, conseguem boas condições de pagamento e mais descontos.
A venda também tem suas especificidades. “Normalmente é uma venda um pouco mais elaborada pois, eventualmente, exige a comercialização de outro imóvel no negócio. As entradas são maiores e os prazos de pagamento, reduzidos. Muitos preferem descontos atrativos para pagamentos à vista”, explica Queiroz. “Em face de o valor ser elevado, normalmente há um prazo maior para a conclusão do negócio deste tipo de imóvel. Isso se justifica pela redução do número de compradores. São as pessoas que se encontram na faixa de renda mais elevada”, acrescenta Dall’Oca.
Mas, apesar de tantas exigências, o público-alvo dos imóveis de luxo é muito visado pelas empresas do mercado imobiliário. “O poder aquisitivo desses consumidores é bastante alto. É um mercado com uma demanda cativa, menos vulnerável aos impactos na economia e que percebe as vantagens de investir em imóveis”, diz Queiroz. “Também são compradores que, na maioria das vezes, independem de financiamento bancário, o que agiliza a conclusão do negócio”, acrescenta Dall’Oca.
A facilidade em conseguir crédito para o financiamento desses produtos e a capacidade de assumirem prestações alta são outros pontos positivos. “Os bancos estão eliminando as dificuldades de financiamento. Antes, estes impunham limites de valor de crédito. Agora, com as mudanças, criou-se um alvoroço no mercado e os clientes venderam seus imóveis menores para comprar um maior”, finaliza Alves.
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